domingo, 15 de maio de 2016

Brasileiros têm apostado em atividades informais e no microempreendedorismo para complementar a renda.
Registro CLT deixou de ser a primeira opção dos trabalhadores.             FOTO: Bruno Cassiano.
Segundo o Relatório de Emprego Mundial e Perspectiva Social, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), com a queda nos níveis das atividades econômicas e o fechamento de postos de trabalho, cerca de 8,4 milhões de brasileiros serão afetados pelo desemprego em 2016. E para escapar desse índice muitas pessoas estão conciliando o trabalho com alguma outra atividade informal, ou até mesmo, abandonando a CLT para viver da renda de microempreendedor individual (MEI). 

Segundo o IBGE em outubro de 2015 a taxa de desemprego era de 7,9%, pouco maior que os 7,5% de 2008, quando ocorria o auge da crise econômica internacional. Em contrapartida, no mesmo período, o número de microempreendedores cresceu consideravelmente. Do final de 2015 para o início de 2016 foram registrados mais de 400 mil novos registros de microempreendedores individuais, e esse número tende a crescer mais, já que o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas), prevê mais de 1 milhão de novos registros até o final do ano.  

Para tentar controlar os reflexos da crise, a indústria e comércio sofreram diversas baixas,  e por conta do momento crítico as empresas e os comerciantes evitam contratar, o que tem diminuído as vagas no mercado de trabalho e aumentado a concorrência. A estudante universitária, Pâmela Evelyn, listou as dificuldades de ingressar no mercado de trabalho no momento “Acho que a maior dificuldade mesmo é a experiência, porque mesmo que a vaga não exija eles sempre escolhem alguém experiente. Os testes psicológicos as vezes são bem difíceis também, mas eu acho que a dificuldade é a experiência mesmo. Até para estágio eles estão pedindo experiência ”. Por conta desse cenário cada vez mais pessoas estão apostando nos trabalhos informais para conseguir contornar a crise, em um ano de muitos eventos no país o que mais se viu foram ambulantes e vendedores de rua. 

Além da falta de oportunidade no mercado de trabalho, outra motivação que faz com que os assalariados partam para o trabalho informal, de acordo com a economista, Viviane Esteves Marino, é a possibilidade do trabalho autônomo “Quando uma pessoa vira microempreendedora, muitas vezes, não é nem por conta da crise em si, porque para começar uma empresa tem que abrir firma, pagar taxas e aí você sofreria ainda mais nessa crise. Então eu acredito que é uma forma de suprir necessidades, porque com os incentivos de estudo que o governo está dando, como Prouni e o Pronatec, as pessoas estão sonhando grande e não querem mais trabalhar para os outros ”. 

Viviane também faz um alerta sobre as diferenças entre o trabalho informal e o micro empreendedorismo, já que com o primeiro o trabalhador recebe de acordo com o que produz e vende sem precisar prestar contas, e o microempreendedor realiza um cadastro e paga taxas para poder exercer a atividade e garantir direitos como Fundo de Garantia (FGTS) e Aposentadoria.  

A auxiliar administrativa, Tamires dos Santos, que optou pelo trabalho informal por um tempo, contou como a renda da atividade à ajudou a driblar a crise “Eu optei pelo trabalho informal, porque estava dificil encontrar emprego na época. A renda da comissão me ajudou, mas entre trabalhar por conta e trabalhar com registro eu prefiro com registro, porque assim você têm certeza dos seus direitos e do seu salário no final do mês”. Na pesquisa apresentada pelo jornal O Estado de São Paulo, na série “Quando a Crise Faz o Empreendedor”, foi constatado que 49,9% dos microempreendedores optou pelo trabalho para complementar a renda mensal e desse percentual 32% afirma que o negócio representa 50% da renda familiar. Cerca de 52% dos entrevistados desenvolve a atividade em casa e quase 48% nunca havia trabalhado por conta própria.  

Apostando ainda mais na ampliação desse segmento o Sebrae celebrará de 2 a 7 de maio a 8° edição da Semana do MEI, onde microempreendedores e potenciais empresários participam de oficinas e palestras de capacitação.  

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